Se fosse
Pra começar
Teria
Que ser
Bem cedo
Antes do café
Percorrer
O almoço
Sem transbordar
A sobremesa
E um lanche
Regado
Namorando
O por do sol
E um jantar
A luz de velas
Pedindo
Pra a lua
Esperar
O último
Vôo
Nosso batismo
O que não cabe
No peito
Nosso jeito
Rasgado
Tímido
A gente
Sempre
Pensa
Que é depois
E acaba
Sempre
Sendo
No agora
Bem rouca
Seduz
Praticamente
Um casamento
Na poesia você
Parece
Que não quer
Nada
Se esconde
Na comida
Feito pimenta
Fica de tocaia
Pra dar o bote
Dentes afiados
Pra dilacerar
O sentimento
Sempre
Não tem
Melhor jeito
De te amar
Morde e assopra
Tentei ficar
Longe
De tudo
Criei
Barreiras
Muros
Subi
Viadutos
Pontes
Percorri
Estradas
Sem horizontes
E nua
Era a curva
Que insinuava
Tô de olho
Em você
Já vi de tudo
Na vida
Até carne seca
Misturado
Com rapadura
E cada gosto estranho
Que dizem ser cultural
Tradição folclore
E o mais estranho
De todos
Que vem superando
Minha imaginação
Esse termômetro
Deve tá errado
Tô com uma
Bunda de pinguim
Do que foi mesmo
Que estávamos
Falando
Quando a chuva
Caiu
Ninguém olhou
Nada ficou
Seco
Acendeu
Num olhar
Enlouquecido
Fugitivo
Como perguntar
O óbvio
Sendo eclipse
O coração
Se aventurou
Pendurado
Pra não cair
Deitou
No teu colo
Deixei na praia
Teu sorriso
Escondido
Na maré
Busquei
Nas ondas
Muitas saudades
Me apertou o olhar
Senti que podia
Abraçar o horizonte
O cabelo arrepiou
Na brisa
Se eu fosse
Um barco
A vela
Soprava
Bem pra
Você
Voltar
Menina
Sardenta
No coração